© Dr. Alessandro Loiola
Segundo a lenda, ao abrir sua caixa, a mítica Pandora libertou as doenças no
mundo. Felizmente, entre os vários males que escaparam, os deuses haviam
colocado um consolo, a Esperança. E a Esperança nos fez acreditar que para todo
mal existe uma cura: se Pandora tinha as doenças guardadas em uma caixa, ela
certamente possuía uma frasqueira para guardar alguns cosméticos, duas
aspirinas, uma caixa de antibióticos, a cura do câncer, etc.
Nas últimas décadas, as doenças mentais que escaparam da Caixa de Pandora vêm
ganhando destaque, a ponto da maioria dos médicos concordar que o século XXI
será o século dos transtornos da mente. Conseguimos lidar com a maioria das
infecções, temos recursos paliativos para boa parte dos tumores malignos, mas a
mente... ah, a mente... essa ainda dá um baile na gente. Não é de surpreender
que a indústria dos antidepressivos movimente várias centenas de milhões de
dólares por ano. Estamos vasculhando a frasqueira de Pandora em busca daquela
única pílula capaz de sumir com todos os problemas e pintar o mundo novamente
de azul e cor de rosa.
Foi neste contexto que, no final da década de 1980, os cientistas acharam ter
descoberto algo. Há muito se sabia que a Serotonina, uma substância utilizada
para transmitir informações entre os neurônios, estava envolvida com a sensação
de bem estar e a percepção de “felicidade”: Quanto mais serotonina no seu
cérebro, mais você ri à toa. Quanto menos serotonina, mais segundas-feiras você
encontra na sua semana. Em 1987, o lançamento da Fluoxetina inaugurou a era dos
Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina - ou ISRS -, antidepressivos que
agem diretamente sobre os níveis cerebrais de Serotonina. Não demorou muito
para que a Fluoxetina fosse elevada à categoria de panacéia para toda sorte de
tristezas e angústias – e virasse uma máquina de fazer dinheiro.
Entretanto, como qualquer bom casamento é capaz de provar, bastaram alguns anos
de lua-de-mel para que os problemas começassem a surgir. Em junho de 2001, um
júri nos EUA determinou que um certo antidepressivo da família dos ISRS foi o
causador de uma crise psicótica em um homem. Durante o surto, o homem
assassinou sua mulher, a filha e a neta, cometendo suicídio logoem seguida. A família
processou o laboratório, ganhando a causa e uma indenização de 8 milhões de
dólares. Outros casos se seguiram, e a cada dia mais e mais pessoas vêm acionando
judicialmente médicos e companhias farmacêuticas por motivos similares:
antidepressivos que matam.
O problema teve início justamente com a propaganda em torno da expectativa de
“felicidade-a-uma-pílula-de-distância”. Isto fez com que os ISRS fossem
recomendados para tudo quanto é tipo de queixa. Ah, você não dorme? Tome um
antidepressivo. O quê, você dorme demais? Tome mais antidepressivo. Você não
dorme nem fica acordado, muito pelo contrário? Tudo bem, tome montes de
antidepressivos! Mas ei!, os antidepressivos ISRS devem ser empregados dentro
de critérios específicos de indicação, e quando utilizados em excesso podem
provocar acúmulos tóxicos de Serotonina no cérebro.
Quando os níveis de Serotonina superam o tolerável, o sistema nervoso começa a
apresentar sintomas de envenenamento, incluindo tics nervosos, insônia,
vertigens, alucinações, náuseas, disfunção sexual, sensações de “choques” pelo
corpo, pensamentos e comportamentos auto-mutilantes, suicidas ou homicidas.
Infelizmente, muitos médicos e pacientes não se mantêm alerta para os sinais de
que algo não vai bem – e que este algo pode ser um efeito colateral
potencialmente grave do antidepressivo.
Você deve ter consciência de que não somos robôs. Ninguém é. Um pouco de
angústia, tristeza e desânimo fazem parte da vida de cada um – lembre-se de
agradecer à Pandora, certo? Se os sintomas depressivos que você apresenta
sugerem baixos níveis cerebrais de Serotonina, existem vários recursos naturais
e dietéticos que você pode empregar para tentar levantar seu humor ANTES de
partir para drogas mais fortes.
Acima de tudo, lá no fundo, dependerá de VOCÊ – não de seu médico e certamente
não de uma pílula – encontrar o caminho para superar as dificuldades desse
mundo. Sua VONTADE sempre terá mais peso que qualquer receita tirada da
frasqueira de Pandora.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor e palestrante. Autor, entre outros, de
PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL, pela Editora
Leitura
http://www.editoraleitura.com.br/detalhe...
Segundo a lenda, ao abrir sua caixa, a mítica Pandora libertou as doenças no
mundo. Felizmente, entre os vários males que escaparam, os deuses haviam
colocado um consolo, a Esperança. E a Esperança nos fez acreditar que para todo
mal existe uma cura: se Pandora tinha as doenças guardadas em uma caixa, ela
certamente possuía uma frasqueira para guardar alguns cosméticos, duas
aspirinas, uma caixa de antibióticos, a cura do câncer, etc.
Nas últimas décadas, as doenças mentais que escaparam da Caixa de Pandora vêm
ganhando destaque, a ponto da maioria dos médicos concordar que o século XXI
será o século dos transtornos da mente. Conseguimos lidar com a maioria das
infecções, temos recursos paliativos para boa parte dos tumores malignos, mas a
mente... ah, a mente... essa ainda dá um baile na gente. Não é de surpreender
que a indústria dos antidepressivos movimente várias centenas de milhões de
dólares por ano. Estamos vasculhando a frasqueira de Pandora em busca daquela
única pílula capaz de sumir com todos os problemas e pintar o mundo novamente
de azul e cor de rosa.
Foi neste contexto que, no final da década de 1980, os cientistas acharam ter
descoberto algo. Há muito se sabia que a Serotonina, uma substância utilizada
para transmitir informações entre os neurônios, estava envolvida com a sensação
de bem estar e a percepção de “felicidade”: Quanto mais serotonina no seu
cérebro, mais você ri à toa. Quanto menos serotonina, mais segundas-feiras você
encontra na sua semana. Em 1987, o lançamento da Fluoxetina inaugurou a era dos
Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina - ou ISRS -, antidepressivos que
agem diretamente sobre os níveis cerebrais de Serotonina. Não demorou muito
para que a Fluoxetina fosse elevada à categoria de panacéia para toda sorte de
tristezas e angústias – e virasse uma máquina de fazer dinheiro.
Entretanto, como qualquer bom casamento é capaz de provar, bastaram alguns anos
de lua-de-mel para que os problemas começassem a surgir. Em junho de 2001, um
júri nos EUA determinou que um certo antidepressivo da família dos ISRS foi o
causador de uma crise psicótica em um homem. Durante o surto, o homem
assassinou sua mulher, a filha e a neta, cometendo suicídio logo
processou o laboratório, ganhando a causa e uma indenização de 8 milhões de
dólares. Outros casos se seguiram, e a cada dia mais e mais pessoas vêm acionando
judicialmente médicos e companhias farmacêuticas por motivos similares:
antidepressivos que matam.
O problema teve início justamente com a propaganda em torno da expectativa de
“felicidade-a-uma-pílula-de-distância”. Isto fez com que os ISRS fossem
recomendados para tudo quanto é tipo de queixa. Ah, você não dorme? Tome um
antidepressivo. O quê, você dorme demais? Tome mais antidepressivo. Você não
dorme nem fica acordado, muito pelo contrário? Tudo bem, tome montes de
antidepressivos! Mas ei!, os antidepressivos ISRS devem ser empregados dentro
de critérios específicos de indicação, e quando utilizados em excesso podem
provocar acúmulos tóxicos de Serotonina no cérebro.
Quando os níveis de Serotonina superam o tolerável, o sistema nervoso começa a
apresentar sintomas de envenenamento, incluindo tics nervosos, insônia,
vertigens, alucinações, náuseas, disfunção sexual, sensações de “choques” pelo
corpo, pensamentos e comportamentos auto-mutilantes, suicidas ou homicidas.
Infelizmente, muitos médicos e pacientes não se mantêm alerta para os sinais de
que algo não vai bem – e que este algo pode ser um efeito colateral
potencialmente grave do antidepressivo.
Você deve ter consciência de que não somos robôs. Ninguém é. Um pouco de
angústia, tristeza e desânimo fazem parte da vida de cada um – lembre-se de
agradecer à Pandora, certo? Se os sintomas depressivos que você apresenta
sugerem baixos níveis cerebrais de Serotonina, existem vários recursos naturais
e dietéticos que você pode empregar para tentar levantar seu humor ANTES de
partir para drogas mais fortes.
Acima de tudo, lá no fundo, dependerá de VOCÊ – não de seu médico e certamente
não de uma pílula – encontrar o caminho para superar as dificuldades desse
mundo. Sua VONTADE sempre terá mais peso que qualquer receita tirada da
frasqueira de Pandora.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor e palestrante. Autor, entre outros, de
PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL, pela Editora
Leitura
http://www.editoraleitura.com.br/detalhe...