BARRA NO MEIO

"Loucura é fazer as mesmas coisas todos os dias e esperar que seja diferente!"

Terapia -Porque fazer?

Terapia -Porque fazer?

Psicoterapia: Animação mostra a relação Psicologo e Paciente

Filme vocês os dois-Personagem no papel de médico psiquiatra:





"Eu sou um psiquiatra. Sou psiquiatra há 27 anos. Estou completamente exausto. Anos após anos ouvindo pacientes... que não estão satisfeitos com suas vidas... que querem se divertir, que querem que eu lhes ajude. Isso esgota, podem acreditar.

A minha vida não é exatamente muito divertida. As pessoas exigem tanto. Essa é a conclusão que eu cheguei. Elas querem ser felizes. E ao mesmo tempo são egocêntricas, egoístas e pouco generosas.
Bem, eu quero ser honesto. Quero dizer que elas são simplesmente mesquinhas. A maioria.
Passar horas tentando fazer uma pessoa mesquinha feliz, não faz sentido. Não dá para aguentar. Eu parei com isso. Atualmente, só receito remédios... Quanto mais forte, melhor. É isso aí."


Composto por 57 vinhetas filmadas com a câmera estática, Vocês, os Vivos é um filme sobre o ser humano, sobre suas conquistas e misérias, sua alegria e seu sofrimento, sua autoconfiança e ansiedade. Personagens que trazem em comum um aspecto solitário, mesmo quando estão cercados por outras pessoas. Um ser humano de quem se quer rir e também chorar por ele, ou ela. É simplesmente uma trágica comédia ou uma cômica tragédia sobre nós mesmos. A narrativa se passa em Estocolmo e serve universalmente para qualquer lugar ou época.

Direção: Roy Andersson
Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: Suécia/ França / Dinamarca / Noruega / Alemanha
O filme "Vocês, os Vivos", do sueco Roy Andersson, é daqueles trabalhos que tendem a provocar um grande ponto de interrogação na cabeça do espectador. O motivo é a dificuldade em enquadrar a produção em uma definição fácil. Trata-se de uma obra "estranha", palavra que poderia ser substituída por "original" ou "pretensiosa", dependendo do gosto do freguês.

Essa ambivalência, por si só, já mostra a que veio "Vocês, os Vivos", filme que foi um dos destaques da mostra "Um Certo Olhar" do Festival de Cannes de 2007. O trabalho tem a força de incomodar a plateia.
Em várias sequências de câmera estática, o longa mostra situações que parecem ocorrer ao mesmo, mas sem muita ligação entre si. Os fatos se desencadeiam como numa crônica. Trágicos ou cômicos, são retratos do cotidiano de uma cidade grande: pessoas isoladas até mesmo quando convivem em multidões. A palidez dos atores dá um ar de irrealidade ao filme, que, quase sem movimento, perde mais ainda disso quando apresenta pessoas com ares de zumbis.
Destaque para os diálogos dos ‘personagens’ que, em alguns momentos, são direcionados ao público. Estas falas parecem querer explicar o sentido do filme.
 De certa forma, os personagens de "Vocês, os Vivos", deixam transparecer algo que nos faz lembrar a natureza humana. Estão ali os desejos humanos, as angústias existenciais, as decepções, aqueles pequenos conflitos cotidianos, o patético e muitos dos ingredientes que compõem o caldeirão da nossa existência.

Em um dos primeiros quadros, uma mulher diz que seria melhor se ela não existisse. Em resposta, seu companheiro diz que é preciso se esforçar em viver. Não seria esse esforço, não só dela, mas de todos nós, em viver que se trata "Vocês, os Vivos"? Talvez por isso, o filme comece com uma citação de Goethe em que o autor sugere o desfrute, o deleite, antes que o frio atinja o pé.
Nessa linha de raciocínio, vale notar o quadro "Dom Quixote" pendurado na parede na primeira cena. Em um filme que nos fala sobre os "vivos" e nos sugere em seu início o desfrute da vida, talvez valha recuperar uma passagem da obra de Cervantes, em que Sancho Pança diz, a grosso modo, que "a maior loucura que um homem pode fazer nesta vida é deixar-se morrer, sem mais nem menos, sem que ninguém o mate, nem deem cabo dele outras mãos que não a da melancolia".

Talvez seja essa uma possível mensagem que poderemos captar nos minutos seguintes. Cada quadro tem um aspecto melancólico e trágico, mas que sempre nos é mostrado com uma certa comicidade. O que dizer, por exemplo, de um homem que é condenado à morte na cadeira elétrica por ter destruído as porcelanas de "200 anos" de uma mesa de jantar? Para dar ainda mais motivos para reflexão, vale notar que, sob a toalha, uma suástica aparece desenhada na mesa.

Em cenas curtas, Andersson, que tem uma extensa carreira como diretor de filmes publicitários e que chega apenas ao seu quarto longa com "Vocês, os Vivos", vai nos sugerindo todo um turbilhão que compõe nossa existência. Tudo sem propor julgamentos. Andersson não se preocupa em dar um ponto final nas histórias que ele conta. O que torna a apreciação de "Vocês, os Vivos", ainda mais instigante.





TRAILER do filme

Temas no arquivo.

Terapia não é luxo .
Por Soninha Francine
Foram duas conversas parecidas na mesma semana. A primeira, com uma moça no prédio onde moro. Sente dor nas costas há meses, em parte por estar muito acima do peso. Admitiu que come demais por ansiedade. Os médicos receitaram analgésicos e antiinflamatórios, fisioterapia, acupuntura. E terapia. “Ah, na terapia eu não vou! Fazer o que lá?” “Cuidar de você, oras. Com dor de dente, você vai ao dentista. Com sinusite, ao otorrino. A terapia ajuda a cuidar da angústia, ansiedade, insegurança.” Ela decidiu ir à consulta.No outro dia, no gabinete, o estagiário perguntou para uma assessora: “Por que você faz terapia?” Brincando, ela respondeu: “Porque eu sou louca”. Dali a dez minutos, ele perguntou, sério: “Você é louca mesmo?” A moça riu, ele ficou confuso. Contribuí com a discussão: “Ah, eu faço terapia. Eu também sou louca”. Rimos os três.As pessoas entendem “loucura” como algo divertido. Dizem que fulano “é louco” porque é esquentado, coleciona tampas de garrafa, não perde jogo de futebol nem no dia do seu casamento ou porque é muito engraçado. E o que entendem por terapia? Um tratamento para “loucos”. Já que “loucura” pode ser algo trivial, terapia vira sinônimo de luxo ou frescura. Ou é algo que se aplica aos loucos “de verdade” – nesse caso, terapia é para os casos graves, “não para minhas tristezas e aflições”.Eu passei por vários momentos de desespero na vida, mas, só no ano passado, senti que precisava de uma mão para desatar meus nós. Fiquei abismada de ver como alguém pode revelar tanto a meu respeito a partir de informações que eu mesma forneci – isto é, coisas que, em tese, eu já sabia!Não deveria ser tão espantoso. Muita coisa a nosso respeito só nos é revelada quando vemos nossa própria imagem no espelho. E a terapia ajuda a enxergar o que era impossível descortinar sozinha: os motivos mais profundos para a irritação e a tristeza, os padrões estabelecidos, as nossas reações “viciadas”.Nunca tive problemas para falar de minhas fraquezas. Sempre achei importante, por exemplo, falar de depressão. Quando tive a primeira, saber de pessoas que tinham superado uma me ajudou muito.Mesmo assim, fiquei encabulada em assumir que estava fazendo terapia. Minha agenda é acessada por várias pessoas e não tive coragem de escrever o que faria toda quinta de manhã. Anotei apenas “consulta médica”. Que boboca...Agora perdi a vergonha. Terapia não é “luxo” nem eu sou louca “de verdade”. Tenho minhas loucuras como quase todo mundo. Mas não preciso sucumbir aos desgostos da vida mais do que eles merecem. É certo ficar triste com algumas coisas. Não é certo não ser feliz nunca. Para dor de dente, dentista. Para dor da mente, terapia.
Postado por Coluna Diversidade - Nova Gazeta

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