Autor: Marcelo Bonachela
Psicólogo
A pessoa neurótica parte do princípio de que os outros têm a obrigação de
lhe dispensar atenções especiais, satisfazer todas as exigências
advindas das suas inibições e conflitos. Acha que não cabe a ela cuidar
de seus problemas, afinal, os outros criaram e colocaram esse mal
dentro dela. Para a pessoa neurótica, tudo que possa pensar, falar ou
desejar não deverá ter conseqüências negativas, pois a não satisfação
desse desejo será sentida como frustração, ofensa e mais ressentimento
acumulado.
O neurótico impõe uma completa isenção de
responsabilidade em relação aos seus atos. Quando se sente
inferiorizado, julga-se no direito de dizer e fazer tudo que ache
importante, pois o mundo deveria estar a seu serviço “depois de tudo
que ele já sofreu". Por vezes, percebe-se o neurótico por ser arrogante
e vingativo; compelido a ofender os outros e, apesar de tudo que possa
fazer aos mais próximos, acha que ninguém deveria se ofender com o seu
modo de ser “explosivo” e “sincero”. Este é o famoso “eu fui criado
desse jeito, quem quiser que agüente!”. A idéia de não ter nascido com
sorte é o disfarce perfeito para o sentimento de inveja, cheio de
ressentimento em relação a qualquer pessoa que seja mais afortunada em
sua vida.
A pessoa neurótica se recusa a perceber que os
outros também possuem necessidades e limitações. As necessidades dos
outros nada significam para ela, ou melhor dizendo, significam mais uma
vez que ele está em segundo (pra não dizer último) plano em relação ao
interesse dos outros. As necessidades do neurótico devem ter prioridade
absoluta. Não percebe que mantém em seu interior necessidades
neuróticas. Aliás, a simples menção dessa possibilidade é recebida
imediatamente como ofensa. Pode, no máximo, dar-se conta de certas
expressões de impaciência e intolerância. Não gosta de pedir algo aos
outros, ou de dizer ‘muito obrigado’. Entretanto, não se dá conta de
que julga que, para os outros, dizer a ele um “muito obrigado” é o
mínimo.
O neurótico espera obter o que deseja sem fazer o
esforço necessário para conquistá-lo. Se se sente só, não admitirá que
precisa chamar alguém; pois o outro tem a “obrigação” de procurá-lo.
Para poder gozar de certos favores especiais, tenderá a exagerar as
suas qualidades e seus méritos pessoais. Isso tudo é, naturalmente
inconsciente.
Vamos tornar consciente a sua auto-percepção
para que assim, você possa gozar plenamente das relações e dos momentos
de sua vida?