BARRA NO MEIO

"Loucura é fazer as mesmas coisas todos os dias e esperar que seja diferente!"

Terapia -Porque fazer?

Terapia -Porque fazer?

Psicoterapia: Animação mostra a relação Psicologo e Paciente

Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline.





[touch.jpg]





O Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), também conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é definido como um gravíssimo transtorno de personalidade caracterizado por desregulação emocional, raciocínio “8 ou 80” (“branco e preto”, totalmente bom e totalmente mau) extremo ou cisão e relações caóticas. Com tendência a um comportamento briguento, também é acompanhado por impulsividade auto-destrutiva, manipulação, conduta suicida, bem como esforços excessivos para evitar o abandono e sentimentos crônicos de vazio, tédio e raiva. Por vezes, o transtorno é confundido com depressão ou transtorno afetivo bipolar.
O transtorno borderline é um grave distúrbio que afeta seriamente toda a vida da pessoa acometida causando prejuízos significativos tanto ao indivíduo limítrofe como às pessoas a sua volta. Frequentemente eles precisam estar medicados (antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos etc.) para tentar reduzir as consequências incontroláveis que a doença traz. Além disso, acompanhamento psicológico é primordialmente muito importante.
Os sintomas aparecem durante a adolescência ou nos primeiros anos da fase adulta e persistem geralmente por toda a vida. Essa fase pode ser desafiadora para o paciente, seus familiares e seus terapeutas, mas na maioria das vezes a severidade do transtorno diminui com o tempo. Pelo fato dos sintomas eclodirem principalmente na adolescência, muitas vezes os pais ou familiares acham que é mera rebeldia própria da idade. Contudo, não fazem idéia que estão diante de um ente com um grave distúrbio.
As perturbações sofridas pelos portadores do TPL alcançam negativamente várias facetas psicosociais da vida, como as relações no trabalho, casa, e ambientes escolares. Tentativas de suicídio e suicídio consumado são possíveis resultados sem os devidos cuidados e terapia.
A maioria dos estudos indica uma infância traumática (especialmente separação dos pais, abuso infantil) como precursora do TPL, ainda que alguns pesquisadores apontem uma predisposição genética, além de disfunções no metabolismo cerebral.
Estima-se que 2% da população sofra deste transtorno, com mulheres sendo mais diagnosticadas do que homens.
O termo Borderline (Limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern que descreveu, na década de 1930, a condição como uma patologia que permanece no limite entre a neurose e a psicose.







"Eu te odeio… por favor, não me abandones."

Aqueles que sofrem do transtorno de personalidade borderline são indivíduos que afastam aqueles de quem mais precisam. Ao tempo que precisam dessas pessoas, afastam assustadoramente as mesmas. São muito exigentes de atenção e são excessivamente manipuladores. Eles têm profundos traços de masoquismo e sadismo e, de forma geral, são como crianças em um corpo de adulto que não toleram limites. Muito imaturos emocionalmente, são impacientes, não sabem esperar, suas recompensas devem ser sempre imediatas, não toleram frustrações e tendem a colocar a culpa sempre em outros. Isto acontece porque borderlines geralmente foram crianças privadas de uma necessidade básica, especialmente foram negligenciadas em alguma etapa de sua vida emocional que deixaram marcas profundas na personalidade (ex.: Separação dos pais, crianças que foram abusadas sexualmente ou emocionalmente, que sofreram violência física, perda precoce de um ente querido, etc.). Assim, é como se seu desenvolvimento emocional tivesse estacionado drasticamente.
Às vezes, indivíduos borderlines foram pessoas que cresceram com um grande sentimento de não ter recebido atenção suficiente. Eles são revoltados, e buscam caminhos para procurar essa falta de atenção, em suas relações. Frequentemente, na amnese, é achada uma carência afetiva (ex.: ausência do pai), maus tratos ou abusos sexuais.
Os diferentes traumas na infância geram um profundo sentimento crônico de vazio, rejeição e dor, incorporando-se na personalidade borderline que é vivenciada como uma dor profunda e dilacerante. Essa dor é intensamente sentida em indivíduos borderlines, o que pode estimular o processo auto destrutivo.
O borderline também é essecialmente insaciável. Em termos de atenção, cuidado e carinho, eles sempre querem mais do que realmente têm. Por mais que as pessoas lhe deem tais afetos, com frequência eles estão a exigir constantemente muito mais do que recebem. Talvez porque quando crianças, foram indivíduos que sempre estariam exigindo muita atenção, sendo esta não suficientemente preenchida, e frequentemente foram também crianças muito teimosas.
Tais pessoas com instabilidade emocional são aquelas que não conseguem manter equilíbrio em situações de tensões ou estresse. Elas frequentemente mudam de humor, emoções e conduta conforme o contexto que lhe são apresentadas. Via de regra, têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras, acompanhadas muitas vezes de culpa ou ansiedade. Podem ser pessoas rebeldes ou totalmente tímidas. Esses indivíduos que possuem instabilidade emocional tendem a ser grosseiros, "reclamões" e briguentos. Algumas vezes, essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão.
Então, são os causadores de brigas excessivas, têm ciúmes exagerado ou sentimento possessivo, e o borderline vê o outro como se ele só tivesse a obrigação de estar ali apenas para prover o que o limítrofe necessita. Além disso, eles tendem a acreditar que o outro parceiro tem de estar todo o tempo com ele e com a obrigação de não deixá-lo sozinho ou abandonado. Quando o parceiro tem de ir embora, deixá-lo sozinho, ou quando cancela um encontro, facilmente borderlines ficam furiosos ou entram em pânico, partindo frequentemente para manipulações, com ameaças suicidas. Essa tendência do limítrofe se sentir facilmente ferido ou agredido (pequenos estressores são capazes de enfurecê-los. Eles se irritam ou se rebelam por pouca coisa, às vezes totalmente insignificantes) faz com que frequentemente entrem em brigas ou confusões no ambiente social do dia-a-dia. Eles não têm controle de si mesmo, por isso facilmente demonstram irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde maus tratos e estupidez até xingamentos e violência.

A solidão, o vazio e a baixa auto-estima :

Borderlines são pessoas que não suportam a solidão, frequentemente sentem grande ansiedade ao ficar só. Se sentem abandonados, rejeitados e excluídos, facilmente ficando deprimidos quando percebem que seu "cuidador" o deixou. Para eles, é como se eles não existissem, sem uma estrutura externa (ex.: cuidador). Com seu cuidador, podem estar em plena euforia; Porém, quando este anuncia que terá de ir, facilmente passam de um humor eufórico para raivoso com manipulações e esforços excessivos para evitar ficarem sozinhos. Se ficam só esse momento torna-se tão insuportável que do humor raivoso decaem para a depressão. Seus atos auto-destrutivos aumentam de intensidade. Podem fazer tentativas suicidas, sentir que nada mais é real (despersonalização e desrealização), entre outros comportamentos extremos.
Borderlines sentem que estão sempre na solidão e com um grande sentimento crônico de vazio. Tal sentimento constantemente os incomoda e tendem a achar sempre uma forma de preencher tal vazio, mas com frequência, descrevem que esse sentimento nunca desaparece. Borderlines sentem tudo com uma alta intensidade, sendo que para eles, tudo faz mal, tudo os agride e machuca. Não sabem se proteger, ou ao menos, acreditam não saber. Eles ainda têm sentimentos de serem uma eterna "vítima", incapaz de aceitar suas próprias responsabilidades. São pessoas que não têm uma noção clara de sua identidade.

Instabilidade, inconstância e relacionamentos :

O perfil geral do transtorno também inclui uma inconstância invasiva do humor, das relações interpessoais, da conduta (comportamento) e da identidade, que pode levar a períodos de dissociação. São pessoas muito instáveis em todos os aspectos de sua vida; seus relacionamentos são intensos mas muito caóticos, com tendência a terminar abruptamente de forma explosiva, pois eles são marcados por períodos de grande idealização e grande desvalorização causados por medo excessivo de abandono, esforços exagerados para evitar a perda, chantagens emocionais, possessão, ciúmes e explosões de raiva. A instabilidade emocional, também contribui para relacionamentos instáveis. O humor do borderline pode ser muito lábil, alternando diariamente entre períodos de depressão profunda, grande ansiedade, euforia, intensa raiva ou irritabilidade (não necessariamente nessa ordem), sendo que, quando estão sós, frequentemente se sentem irritadiços e depressivos juntamente com um sentimento crônico de vazio. A instabilidade também é intensa na própria percepção de imagem de si mesmo (propensos a achar-se feios, gordos demais, magros demais, defeitos imaginários em geral - anorexia, bulimia, vigorexia, transtorno dismórfico corporal etc.), nas atitudes, opiniões e até na sexualidade.
O paciente borderline apresenta em todos os aspectos de sua vida a "difusão de identidade" que pode ser descrevida como a recusa em considerar outros tempos e outras diferentes situações, dando prioridade à situação presente e atitudes imediatas. Como se tivessem uma "amnésia" das situações e atitudes anteriores. Assim, forma-se a instabilidade entre os extremos "bom e mau" (8 ou 80, branco ou preto, mas nunca o meio-termo). Os indivíduos limítrofes tendem a caracterizar uma pessoa, objeto ou circunstância apenas pelo presente, como se não existisse o passado ou o futuro, nem outros tempos ou situações diferentes. Por exemplo, o borderline ao perceber que a pessoa cuidadora está com ela, ele tende a classificá-la como "ótima". Quando o cuidador tem de ir embora, este rapidamente passa da grande idealização ("ótima") para a grande desvalorização ("péssima"), desprezando a história em que passaram. Se o cuidador retorna, novamente a pessoa é passada do extremo "péssima" para o "ótima". Isto evidencia a grande instabilidade entre os extremos cujos borderlines sofrem.
Suas opiniões e idéias são facilmente instáveis e contraditórias. Podem dizer com convicção "sim", para em seguida, dizer "não", gostando assim de algo, para facilmente odiá-lo ou vice-versa. Isso também acontece em relação à carreira profissional e sua orientação sexual. Estão constantemente mudando em relação ao que pensam e fazem, e o que irão exercer profissionalmente. Sua identidade sexual é frequentemente marcada por dúvidas e mudanças constantes ou até adeptos à bissexualidade. Por vezes, definem-se a si próprios como "hora uma coisa, hora outra coisa". Quando estão convictos de algo, de repente, vêem-se cercados por dúvidas contrárias novamente, por isso, a indecisão nessas pessoas é comum. Até a própria aparência física do limítrofe tende a ser instável.
Limítrofes estão sempre à beira entre o amor e o ódio. [4] Eles amam o objeto (ex.: cônjuge), mas em seguida, por motivos fúteis e até mesmos insignificantes de repente passam do amor para o ódio, como se, para o borderline, as pessoas estivessem sempre oscilando entre o ótimo (ideal) e o péssimo (pior) e vice-versa. Sem meio termo e sem a conscientização de que o ideal não existe, nem mesmo o péssimo. Eles tendem a idealizar as pessoas por qual querem como seus cuidadores, contudo, não aprendem que o ideal não existe, por isso estão sempre insatisfeitos.
Egoísmo, agressividade e imaturidade
Essas pessoas têm dificuldade em avaliar as consequências de seus atos e de aprender com a experiência e, então, por isso erram e repetem o erro, nunca aprendendo com seus erros. São indivíduos tão exigentes e imprevisíveis que assim tendem a afastar todos aqueles que o cercam. Além disso, são pessoas que não têm necessidade, eles têm urgência. Não sabem adiar e não aguentam esperar.
Borderlines também tendem a funcionar muito mal, conforme o estresse. Quanto mais estressados e pressionados, ainda mais pioram os sintomas. Além disso, eles sempre tendem a contornar a situação e colocam a culpa em outros, seja por suas deficiências, decepções, responsabilidades ou problemas. Também vivem da gratificação, especificamente a imediata e geralmente querem ser livres para fazerem o que querem. Contudo, ao mesmo tempo desejam ser cuidados e protegidos. Na verdade, são eternas crianças em um corpo de adulto, por isso aparentam estar se fazendo de "vítima", quando na realidade não estão.
"Eu os agrido, vocês me devem, vocês precisam fazer tudo por mim e eu nada por vocês" é frequentemente um lema em mente dos borderlines. Quase nunca eles se importam com as necessidades alheias (ex.: dos pais, do namorado), porque tendem a priorizar as suas. Acusam de forma egoísta e injustamente que seus pais deveriam gastar mais dinheiro com o indivíduo borderline, do que com eles próprios, por exemplo. Ou então exigem toda a atenção, paciência e carinho para si mesmos ("Você tem que me tratar sempre bem.") e pouco retribuem ("Eu te maltrato, mas você não pode me maltratar, deve apenas me dar carinho e apoio."). Isto evidencia um "quê" de egoísmo típico traço narcisista no paciente borderline, por isso tem dificuldade em perceber o lado do outro, ou de distinguir o rosto do outro, só conseguindo visualizar suas próprias necessidades. Interesses genuínos são raros. Se, por acaso, suas necessidades são ignoradas, borderlines sentem-se profundamente irritados por não terem sido levado em conta. Segundo Kernberg, é a difusão de identidade responsável por tais percepções empobrecidas. Como o próprio borderline não tem uma identidade bem definida, obviamente, eles têm grande dificuldade em enxergar o outro, afinal, não consegue enxergar-se com precisão. Por causa dessa dificuldade em enxergar o outro, o borderline pode ser notavelmente difícil em ter amigos ou namorados, ou então, mantê-los. Ele se aborrece com facilidade com qualquer assunto que não lhe diga a respeito, necessitando sempre ser o centro de tudo. Como nem sempre isso ocorre (ou então, ocorre esporadicamente), ele se irrita excessivamente podendo causar sérios prejuízos em tais relacionamentos. [4]



A automutilação :

A automutilação é uma das principais características do transtorno, sendo assim, frequentemente o que o diferencia de outros transtornos de personalidade (em especial histriônica e anti-social) é a presença de forte tendência à auto destruição. Tais atitudes impulsivas podem ser vistas por inúmeras formas e são tidas como triplo sentido: Ao tempo que significam desespero, angústia, depressão e dor emocional atenuada com a dor física, a automutilação pode ser uma forma de conseguir atenção e carinho para si, bem como culpar pessoas à sua volta, em momentos de raiva extrema. Alguns atos auto-destrutivos frequentemente usados por borderlines podem ser se cortar, queimar, arranhar, bater-se, Abusar de medicamentos, expor-se a acidentes e situações perigosas, não se importar com sua saúde expondo-se a doenças etc. Bem como abusar de substâncias psicoativas, energéticos e café, ingerir doces em exagero, dirigir imprudentemente, dormir em excesso (hipersônia), praticar sexo inseguro. E ainda gastar sem controle dinheiro, comer compulsivamente, roubar objetos e utensílios de pouco valor monetário (cleptomania) entre outros comportamentos prejudiciais a si próprio. Engajam-se em tais comportamentos impulsivos para se libertarem de sentimentos crônicos de vazio, mas que frequentemente causam grande arrependimento e culpa após cumprir essas ações. Às vezes, as outras pessoas podem perceber ou questionar-se sinais evidentes de automutilação em borderlines (ex.: vários arranhões percebidos no braço, hematomas ou cortes). Mas via de regra, eles tendem a apresentar argumentos implausíveis ou pouco explicativos em relação a tais ferimentos, com medo de que descubram seu comportamento auto-destrutivo. Por exemplo, podem dizer que não sabem de onde tais hematomas apareceram ou dizer que se machucaram sem querer com uma faca.
Pessoas com o distúrbio, podem haver períodos em que se isolam socialmente. Mas em contrapartida, frequentemente estabelecem novos relacionamentos apenas para sentir-se com uma jornada normal, principalmente porque tendem a evitar a que se façam mal a si mesmos, quando estão sós. Às vezes, eles se vêem obrigados a aproximar-se de outras pessoas que não os agradam muito, especificamente apenas para se impedirem de que se auto-destruam (auto mutilações, abuso de medicamentos, bulimia etc.).

Reatividade do humor e impulsividade:

Eles têm frequentemente flutuações do humor intensas, imprevisíveis e constantes. Eles não têm controle deles mesmo e parecem sempre ter medo de si próprio. De manhã, podem ver a vida como aceitável. À tarde, bruscamente sentem um grande vazio com intensa vontade de se suicidar. E, à noite, radicalmente seu humor novamente muda e sentem uma grande ansiedade com desejo compulsivo de se acabar em guloseimas, por exemplo.
A impulsividade no borderline sempre está relacionada à desesperança, falta de apoio, intensa sensação de rejeição e vazio, o que leva, no desespero, por atos impulsivos auto destrutivos.
O borderline é confundido com frequência com quadro maníaco. Isto ocorre porque ele pode apresentar-se acelerado ou animado, por estar apaixonado por alguém e sendo correspondido, se sentindo amado, por exemplo. Angustiado ou delirante, também se encontra acelerado. Nestes casos, a confusão com uso de drogas ou bebidas alcoólicas também é frequente. Contudo, ele pode passar da animação para a depressão rapidamente, sempre dependendo das circunstâncias a que esteja submetido. [4]
Frequentemente a depressão e o transtorno afetivo bipolar são confundidos com a desordem borderline de personalidade. Contudo, talvez uma das principais diferenças é que além de todos os outros sintomas típicos de limítrofes, tanto a depressão unipolar como a da bipolaridadade, se caracterizam por sensação de culpa, inferioridade com uma tristeza de base. Enquanto isso, a depressão do borderline se caracteriza essencialmente em razão de um vazio existencial, um buraco nunca preenchido, uma vida sem sentido, do tédio diante de seus objetivos e idéias de fracassos de frustração em relação a ideais não atingidos. Como o borderline também pode se sentir muito angustiado, podendo passar dias e anos na cama, isso frequentemente é confundido ainda mais com a depressão (uni ou bipolar). Contudo, a principal diferença que os diferencia seria que o quadro depressivo do borderline diferencia-se principalmente porque, em geral, o quadro geralmente piora de noite, quando o limítrofe se vê sozinho e frequentemente com crises agudas de carência afetiva. Enquanto isso, pelo contrário, no paciente depressivo ou bipolar a piora do quadro vê-se pela manhã-tarde. Outra diferença importante entre os transtornos é que como o borderline precisa sempre de uma pessoa consigo, que lhe minimize o sentimento de vazio, quando seu cuidador está presente, o limítrofe permanece tranquilo, enquanto sente que a presença do outro está evidente e cuja sensação de abandono está ausente. Diferente do bipolar que tendo ou não uma pessoa consigo, continuará a sentir-se depressivo, triste e mal humorado. Muitas vezes, a depressão do borderline vem acompanhada por ansiedade, agitação ou desespero.

Características diversas:

* Pensamento extremista:

Borderlines têm raciocínio 8 ou 80, branco ou preto, amor ou ódio, ótimo ou péssimo, perfeito ou terrível mas nunca o cinza ou meio termo.
Eles vêem as pessoas drasticamente como perfeitas ou terríveis. Para eles, não existe o "mais ou menos", ou a pessoa é perfeita ou a pessoa é terrível. Se não é perfeita é terrível e vice-versa;
Se a pessoa é perfeita, ótima ou boa ela merece ser tratada muito bem, como um deus. Quando a pessoa é horrível, péssima ou má, ela merece ser tratada muito mal, como um demônio;
Eles têm esse pensamento também consigo mesmos: se hoje eles se vêem como perfeitos, eles acham que merecem serem tratados como os melhores, como os principais e terem toda a atenção do mundo, caso contrário, eles se tornam terríveis, merecedores de maus tratos, punições e auto mutilações;
Pensamentos "tudo-ou-nada" aparecem em muitas outras áreas da vida do borderline. Quando há um problema, algumas pessoas com desordem borderline podem sentir como se existisse apenas uma solução. Uma vez que a ação é feita, não há retorno. Por exemplo "faça tudo, ou não faça nada". Uma mulher no trabalho, recebeu novas ordens na qual ela não gostou, sua solução foi deixar seu emprego;
Têm dificuldade em terminar o que começam. Isso vai desde uma simples leitura de um livro, até a desistência ou interrupção de um projeto importante.
"Ou fazem tudo ou não fazem nada";
Podem ser tidos erroneamente como "preguiçosos" por causa desse pensamento;
Não conseguem ver o "lado bom" e o "lado ruim" de cada pessoa, objeto ou circunstância: acreditam que o objeto é totalmente bom, ou totalmente ruim, alternando drasticamente entre o primeiro e o segundo, várias vezes;
Têm dificuldade em verem defeitos ou má qualidades em pessoas na qual consideram totalmente boas ou ótimas. E têm dificuldade em enxergar qualidades boas em pessoas na qual consideram totalmente más ou péssimas, demonstrando uma grande resistência em entender o "meio-termo" das coisas e situações. Ex.: se a pessoa é terrível, ela é péssima, não há nenhuma qualidade nela. Ela é ridícula, má, abusadora, inconfiável… Ao passo que, se a pessoa é perfeita, ela é ótima, não há praticamente nenhum defeito nela. Ela é linda, boa, confiável…
Sua opinião de alguém é baseada frequentemente em sua última interação com ele, porque têm dificuldade em integrar os traços bons e ruins de uma só mesma pessoa;
Em cada momento particular, alguém é "bom" ou é "mau", não há nada no meio, nenhuma área cinzenta;
Eles também podem sentir que seus relacionamentos devem ser claramente definidos: ou é amigo ou é inimigo. Ou é seu amante apaixonado ou um companheiro platônico. Esta é a razão porque as pessoas borderlines podem ter dificuldade em ser amigos após o fim de um romance.[6]

*Manipulações:

Manipulam as pessoas através de chantagens emocionais pouco evidentes como brigas, discussões e conflitos que na verdade são a forma de que encontram para testarem as pessoas das quais necessitam;
Demonstram seus medos através de irritabilidade, mau humor, raiva e agressividade;
Tentam se proteger através da raiva;
Críticas e acusações são típicos mecanismos de defesas usados por borderlines;
Situações comuns com manipulações e acusações:
A namorada borderline acusa o namorado muitas vezes de não amá-la e de querer abandoná-la. A filha adolescente borderline acusa os pais de não amá-la o suficiente para deixá-la morar sozinha. O marido borderline acusa a esposa "a culpa é toda sua de estarmos nessa situação financeira decadente"
Às vezes, as críticas e acusações se tornam abuso verbal;
Agem de maneira extrema, exagerada ou manipuladora para conseguirem o que querem;
Acusam os outros de terem dito coisas que nunca disseram, de terem feito coisas que nunca fizeram, de terem acreditado em coisas que nunca acreditaram;[6]
Conseguem reconhecer o ponto fraco das pessoas as quais conhecem muito bem, utilizando de tal conhecimento para manipulações e terem êxito nas suas necessidades;[6]
Chantagistas para conseguirem o que querem: acreditam no "se eu fizer isso, você faz aquilo…" e vice-versa;
Eles vivem a testar o amor e afeição das outras pessoas.

*Instabilidade excessiva:

Borderlines têm uma grande instabilidade emocional evidente: pessoas instáveis sentem tudo de forma intensa, ferindo-se facilmente e deixam-se abalar por situações externas e internas por motivos pouco importantes ou até mesmo fúteis. Eles não conseguem manter o mesmo humor e emoções durante um longo período (no caso do borderline, ele não consegue manter um humor estável num mesmo dia, alternando muitas vezes, variadas emoções). Uma característica típica de pessoas instáveis emocionalmente são as constantes brigas no ambiente intrafamiliar, por exemplo, por isso são tidos como agressivos, briguentos ou que reclamam demais.
Mudam de comportamento de forma muito rápida, em questão de segundos: com pessoas que conhecem muito bem (tal como familiares e namorado), tratam-nas mal com frequentes discussões e provocações, mudando rapidamente para gentis e adoráveis com as outras pessoas na qual têm pouco intimidade;[6]
Muitas vezes, as outras pessoas não acreditam nos familiares que relatam esse comportamento;
Agem de forma controlada e apropriada em várias situações, mas extremamente fora do controle em outras;
Facilmente desvalorizam alguém. Podem adorar a pessoa em um dia, mas no outro podem odiá-la a ponto de maltratá-la e não se importar disso, afinal, de uma pessoa "perfeita", de repente, passaram drasticamente para uma pessoa "desastrosa" que merece ser tratada assim como ela é vista. Tais desvalorizações rápidas frequentemente são precedidadas por motivos pouco perceptíveis para a outra pessoa.
Ao tempo que querem a intimidade, eles não querem. Eles têm medo de muita intimidade, por isso alguns relacionamentos podem ser superficiais.
Às vezes eles querem estar perto de outros, outras vezes quer estar longe;
Empurra o outro para longe justamente quando o outro está se sentindo próximo;
Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma grande vontade de ter aquilo, contudo, quando conseguem, desgostam, enjoam ou não querem mais;
Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e auto-imagem;
Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de um segundo a outro, não sabem o que querem ou então mudam de opiniões e objetivos a todo momento;
Sua orientação sexual também pode ser instável: uma boa parte dos borderlines têm dificuldade ou instabilidade em relação à sua própria orientação sexual, sendo que frequentemente também não sabem o que são, mudando rapidamente de uma identidade sexual para outra. Por exemplo, eles podem não ter certeza se são realmente heterossexuais ou homossexuais, ou então podem ser bissexuais (isto não é regra);
Borderlines são enchidos de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão;
Mudam de desejos, opiniões e humor num piscar de olhos;
"Mantenha a distância um pouco próximo": o borderline pode começar a se sentir subjugado ou com medo de estar perdendo o controle quando uma pessoa se aproxima demais dele. Ao tempo que ele quer a intimidade, ele não sabe como estabelecer limites de maneira saudável, e a intimidade genuína pode fazê-lo sentir vulnerável ou abusado. Ele talvez esteja com medo de que o outro possa ver o seu "verdadeiro" eu, fique enojado e o abandone. Então, ele começará a se distanciar para evitar se sentir vulnerável ou controlado. Ele pode arranjar uma briga com o outro, "esquecer" alguma coisa importante ou fazer algo dramático ou explosivo. Mas então a distância o faz se sentir solitário. Os sentimentos de vazio pioram e o seu medo de abandono se torna forte. Então ele faz esforços frenéticos para se aproximar novamente e o ciclo de repete.[6]

*Irritabilidade, agressividade e comportamento briguento:

Irritam-se muito facilmente, sendo que muitas vezes por motivos inexistentes ou incomprensíveis aos olhos dos outros. Às vezes os familiares não sabem o motivo que levaram o borderline a adotar um comportamento agressivo para com eles, por exemplo.
Eles podem criar crises ou brigas desnecessárias, demonstrando um estilo de vida caótico e desorganizado;
Geralmente, o que parece ser raiva, impulsividade, agressividade e comportamento manipulativo é na realidade uma tentativa mal-orientada de extrair envolvimento e afeição;
O borderline vive constantemente num caos. Ele pode deliberadamente levantar argumentos e isso em constante conflito com outros. Ele também pode ser fanático por drama, desde que isso crie agitação;[6]
Tentam diminuir o vazio, a dor interna e a tensão interior através da raiva, agressividade e brigas.

*Desconfiança e idéias paranóides:

Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas;
Têm frequentemente idéias paranóides, estas são maiores em períodos de estresse ou sensação de abandono e solidão;
Borderlines caminham numa linha tênue entre sanidade e a loucura, às vezes se desequilibram e acabam por caminhar francamente na loucura, com alucinações e idéias delirantes, especialmente em situações estressantes, embora não possam ser diagnosticados como totalmente psicóticos ou esquizofrênicos.
Manias de perseguição e pensamentos paranóides frequentes: "estão a fazer uma conspiração contra mim", "estão me perseguindo, me espionando", "estão rindo de mim" "aquele casal está cochichando algo sobre mim" "isso não é apenas uma coincidência, há algo planejado por trás disso" "estão todos contra mim" "as pessoas não param de olhar para mim" "aposto que ele tem outras intenções" "as pessoas me traem e abusam de mim" etc.;
Facilmente interpretam as ações de outras pessoas erroneamente como hostis, ameaçadoras, irritantes ou zombadoras, o que causa um gatilho para explosões de irritabilidade e brigas constantes, porque tendem a reagir da mesma forma pela qual acreditaram ter sido tratados (ex.: se o borderline acredita que o gerente do banco o tratou com hostilidade, o limítrofe rapidamente o tratará mal também)

* Despersonalização :

Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão sozinhos;
Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles frequentemente relatam tal fenômeno sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados;
A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e vêem tudo como se estivessem fora do corpo, como se tivessem se desprendido da sua própria personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que frequentemente eles acabam por se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a auto mutilação (podem se mutilar para ver se existem mesmo, para sentirem que são reais);
Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um comportamento levemente anormal, como por exemplo, uma falta de atenção, como se a pessoa estivesse longe, distante ou "viajando";
Alguns borderlines podem conviver dias, semanas e até meses com despersonalização, sendo frequentemente pegos a todo instante pela sensação angustiante de irrealidade e de desprendimento do corpo.
Algumas pessoas relatam que olhar-se no espelho bem como se lembrar da despersonalização piora o quadro, pois sentem-se irreais ou inexistentes;
Borderlines podem ter problemas com a memória e atenção, especialmente em momentos de dissociações tais como a despersonalização. Eles podem ter "brancos" e apagões, esquecimentos sobretudo após as situações de despersonalização.

* Sentimentos e emoções :

Possuem intensos sentimentos crônicos de vazio e tédio. Nada os preenche, nada os satisfaz, tudo vira enjoativo, monótono e tedioso rapidamente;
Eles se sentem a maior parte do tempo irritáveis, ansiosos ou desconfiados;
Eles se sentem abandonados por motivos insignificantes para outras pessoas;
Podem dizer francamente que estão com medo de ficarem a sós ou serem abandonados;
São intolerantes à separação e à rejeição;
Se sentem rejeitados e/ou abandonados por condições mínimas ou insignificantes para as outras pessoas;
Acreditam que se a pessoa o está abandonando é porque o limítrofe é mau, ruim ou imprestável, cujo abandono é uma punição;
Acreditam que "quem ama não abandona", se "não ama, então, odeia" (pensamento extremista);
Recordam de situações de modo muito diferente de outras pessoas ou então se acham incapazes de se lembrar de tudo;[6]
Se vêem como pessoas más e que merecem castigo e mutilações;
Por terem esse tipo de sentimento, eles frequentemente não se importam consigo mesmos, demonstrando baixa responsabilidade por si só;
Eles se sentem como se nunca fossem receber amor, atenção e afeto;
Podem se sentir irreais, inexistentes ou fora de si, como se não tivessem uma personalidade;
Eles não têm uma identidade bem formada. Tal identidade é destruída e remontada a toda hora, por isso a instabilidade e incertezas são constantes na vida de um borderline.
Tentam preencher o vazio interno através de guloseimas, comida, cafeína, álcool, tabaco, promiscuidade, sexo, relacionamentos, compras, furtos entre outras variadas formas de compulsões, mas frequentemente dizem que nada o preenche;
Borderlines olham para outros para conseguir coisas que se acham difíceis de suprir a si mesmos tais como auto estima, aprovação, otimismo e identidade;
O medo de abandono ou rejeição nessas pessoas é tão grande que a perda potencial de um relacionamento é como a perda de um braço ou perna, ou mesmo a morte. Ao mesmo tempo, sua auto-estima é tão baixa que não entendem por que alguém poderia querer viver com eles. Por isso são hipervigilantes, estão o tempo todo tentando achar uma forma de comprovar que a outra pessoa não o ama de verdade. Quando suas suspeitas são supostamente confirmadas, podem estourar em raiva, fazer acusações, chantagens, provocações, chorar, procurar vingança, mutilar-se, ter um caso, e entre outras inúmeras situações e atos destrutivos;[6]
São intolerantes às ambiguidades humanas;
As atividades prejudiciais a si mesmos são uma forma de alívio da tensão, dor e vazio interno, bem como uma maneira de expressar a raiva ou o ódio-próprio.

Tratamento :

* Psicoterapia

Tradicionalmente há um ceticismo em relação ao tratamento psicológico de transtornos de personalidade, mesmo assim muitos tipos específicos de psicoterapia para TPB foram desenvolvidos nos últimos anos. Os estudos (limitados) já registrados não confirmam a eficácia desses tratamentos, mas pelo menos sugerem que qualquer um deles pode resultar em alguma melhora. Terapias individuais simples podem, por si mesmas, melhorar a auto-estima e mobilizar as forças existentes nos borderlines. Terapias específicas podem envolver sessões durante muitos meses ou, no caso de transtornos de personalidade, muitos anos. Psicoterapias são frequentemente conduzidas com indivíduos ou com grupos. Terapia de grupo pode ajudar a potencializar as habilidades interpessoais e a autoconsciência nos afetados pelo TPB.
Exemplos comuns de terapias indicadas aos limítrofes incluem:
Terapia comportamental dialética: Estabelecida nos anos 1990, a terapia comportamental dialética se tornou uma forma de tratamento do TPB, originada principalmente como uma intervenção para pacientes com comportamento suicida.
Essa forma de psicoterapia deriva da terapia cognitivo-comportamental e enfatiza a troca e negociação entre o terapeuta e o cliente, entre o racional e o emocional, e entre a aceitação e a mudança. O tratamento tem como alvo os problemas com a automutilação. O aprendizado de novas habilidades é um componente principal, incluindo consciência, eficácia interpessoal, cooperação adaptativa com decepções e crises; e na correta identificação e regulação de reações emocionais.
Terapia de esquemas: Outra forma de terapia que também se estabeleceu nos anos 1990 e tem como base uma aproximação integrativa derivada de técnicas cognitivas-comportamentais juntamente com relações objetais e técnicas da gestalt. Esta terapia se direciona aos mais profundos aspectos da emoção, personalidade e esquemas (modos fundamentais de relacionamento com o mundo). A terapia também foca o relacionamento com o terapeuta (incluindo um processo de quase paternidade), vida diária fora da terapia, e experiências traumáticas na infância.
Terapia cognitivo-comportamental: A TCC é o tratamento psicológico mais usado em doenças mentais, mas parece ter menos sucesso no TPB, devido parcialmente às dificuldades no desenvolvimento de uma relação terapêutica e aderência à terapia. Um estudo recente descobriu que resultados com essa terapia aparecem, em média, depois de 16 sessões ao longo de um ano.
Terapia matrimonial ou familiar: Terapia matrimonial pode ajudar na estabilização da relação matrimonial e na redução dos conflitos matrimoniais que podem piorar os sintomas do TPB. Terapia familiar pode ajudar a educar os membros da família acerca do TPB, melhorar a comunicação familiar, e prover suporte aos membros da família ao lidar com a doença de seus amados.
Psicanálise: A psicanálise tradicional se tornou comumente menos usada do que no passado, tanto para os transtornos gerais quanto para o TPB. Essa intervenção tem sido ligada a uma exacerbação dos sintomas do TPB, mesmo que há evidências de eficácia de certas técnicas no contexto de hospitalização parcial.














Fonte: http://www.cabuloso.xpg.com.br/portal/search?q=sindome%20de%20borderline
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Temas no arquivo.

Terapia não é luxo .
Por Soninha Francine
Foram duas conversas parecidas na mesma semana. A primeira, com uma moça no prédio onde moro. Sente dor nas costas há meses, em parte por estar muito acima do peso. Admitiu que come demais por ansiedade. Os médicos receitaram analgésicos e antiinflamatórios, fisioterapia, acupuntura. E terapia. “Ah, na terapia eu não vou! Fazer o que lá?” “Cuidar de você, oras. Com dor de dente, você vai ao dentista. Com sinusite, ao otorrino. A terapia ajuda a cuidar da angústia, ansiedade, insegurança.” Ela decidiu ir à consulta.No outro dia, no gabinete, o estagiário perguntou para uma assessora: “Por que você faz terapia?” Brincando, ela respondeu: “Porque eu sou louca”. Dali a dez minutos, ele perguntou, sério: “Você é louca mesmo?” A moça riu, ele ficou confuso. Contribuí com a discussão: “Ah, eu faço terapia. Eu também sou louca”. Rimos os três.As pessoas entendem “loucura” como algo divertido. Dizem que fulano “é louco” porque é esquentado, coleciona tampas de garrafa, não perde jogo de futebol nem no dia do seu casamento ou porque é muito engraçado. E o que entendem por terapia? Um tratamento para “loucos”. Já que “loucura” pode ser algo trivial, terapia vira sinônimo de luxo ou frescura. Ou é algo que se aplica aos loucos “de verdade” – nesse caso, terapia é para os casos graves, “não para minhas tristezas e aflições”.Eu passei por vários momentos de desespero na vida, mas, só no ano passado, senti que precisava de uma mão para desatar meus nós. Fiquei abismada de ver como alguém pode revelar tanto a meu respeito a partir de informações que eu mesma forneci – isto é, coisas que, em tese, eu já sabia!Não deveria ser tão espantoso. Muita coisa a nosso respeito só nos é revelada quando vemos nossa própria imagem no espelho. E a terapia ajuda a enxergar o que era impossível descortinar sozinha: os motivos mais profundos para a irritação e a tristeza, os padrões estabelecidos, as nossas reações “viciadas”.Nunca tive problemas para falar de minhas fraquezas. Sempre achei importante, por exemplo, falar de depressão. Quando tive a primeira, saber de pessoas que tinham superado uma me ajudou muito.Mesmo assim, fiquei encabulada em assumir que estava fazendo terapia. Minha agenda é acessada por várias pessoas e não tive coragem de escrever o que faria toda quinta de manhã. Anotei apenas “consulta médica”. Que boboca...Agora perdi a vergonha. Terapia não é “luxo” nem eu sou louca “de verdade”. Tenho minhas loucuras como quase todo mundo. Mas não preciso sucumbir aos desgostos da vida mais do que eles merecem. É certo ficar triste com algumas coisas. Não é certo não ser feliz nunca. Para dor de dente, dentista. Para dor da mente, terapia.
Postado por Coluna Diversidade - Nova Gazeta

Psiqweb.

Neurônios no Divã.

Neurônios no Divã.
Clique na imagem