“As tendências ao perfeccionismo têm raízes profundas e escondidas revelando, às vezes, um grande medo indefinido e oculto. A diferença principal entre um indivíduo saudável e o perfeccionista é que o primeiro controla sua própria vida, enquanto o segundo é controlado sistematicamente por sua compulsão pertinaz.”
As tendências ao perfeccionismo têm raízes profundas e escondidas revelando, às vezes um grande medo indefinido e oculto. A diferença principal entre um individuo saudável e o perfeccionista é que o primeiro controla sua própria vida, enquanto o segundo é controlado sistematicamente por sua compulsão pertinaz.
Trazemos como somatório de múltiplas existências crenças negativas de que nosso valor é medido por nossos desempenhos bem-sucedidos e que os erros nos rebaixariam ao merecimento como pessoa. Daí as emoções desconexas de medo, de desagrado e de punição. Como exemplo, pensamos inconscientemente que, se formos imperfeitos e falhos, as pessoas não vão mais confiar em nós, ou jamais teremos sucesso na vida. O transtorno dos perfeccionistas é não se aceitarem como espíritos falíveis, não aceitando também os outros nessa mesma condição, tentado assim agradar e corresponder às expectativas de todos.
Às vezes os perfeccionistas podem até pensar, mas não admitem – “se eu fracassar, vão me criticar”; em outras ocasiões, insistem em dizer que “não o são” demonstrando, porem, o contrário, pois ficam profundamente descontrolados quando cometem algum erro.
Certas fixações pelo desempenho perfeito são necessidades de aprovação e carinho que nasceram durante a infância. “ se você não fizer tudo certinho, a mamãe e o papai não vão gostar mais de você”: são vozes do passado que ecoam até hoje nas mentes perfeccionistas.
Esses distúrbios de comportamento levam, às vezes, os indivíduos a uma lentidão superlativa para fazerem as coisas, e, por quererem fazer tudo com tantos detalhes e precisão, acabam sempre fazendo nada. Outros são conhecidos pelo nome de proteladores, ou seja, adiam sistematicamente a ação, por temerem um desempenho imperfeito. Por exemplo, se começam a apontar um lápis, levam o objeto a destruição em alguns minutos, pela busca milimétrica da perfeição. Outros sintomas ou sinais mais comuns são aqueles que levam certas pessoas a colocarem as coisas simetricamente, não podendo ficar um centímetro fora do lugar, e quanto mais verificam, mais querem chegar e mais têm dúvidas.
Os perfeccionistas necessitam ser impecáveis, respondem a todas as perguntas, mesmo aquelas que não sabem corretamente. Por possuírem desordens psíquicas, buscam incessantemente controlar a ordem exterior, vigiando os comportamentos alheios como verdadeiros juízes da moral e dos costumes.
Por não admitirmos o erro e não percebermos que o único fracasso legítimo é aquele com o qual nada aprendemos, e que os conceitos da perfeição doentia perturbam constantemente nossa zona mental. Portanto, o erro não deve ser considerado como perda definitiva, mas apenas uma experiência de aprendizagem.
“Sede pois, vos outros perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” – disse-nos Jesus Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa assertiva a que tomemos “ares” de perfeição presunçosa, mas que nos esforcemos para um crescimento gradual, com o qual o processo da vida vai nos dando habilidades cada vez maiores e melhores.
Somos todos convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas contemos com o tempo e a prática como fatores essenciais, e nunca com a perfeição como sendo uma “determinação martirizante e desgastante”, que faz a criatura despender uma enorme carga energética para manter uma aparência irrepreensível.
Repensemos o texto cristão, refletindo se estamos buscando o crescimento rumo a perfeição, ou se representamos possuir uma santidade oca, que não suporta sequer o toque da menor contrariedade.
(Francisco do Espírito Santo Neto – Renovando Atitudes, espírito Hammed)
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